Redes Sociais como ambientes de aprendizagem

Apesar de inúmeras críticas relacionadas, entre outras questões, a problemas de privacidade e formação de bolhas de informação, se bem utilizadas, as plataformas de redes sociais constituem importantes ambientes de aprendizagem, podendo ser utilizadas tanto na educação formal, quanto na educação informal.

Enquanto professora de língua inglesa, utilizei durante algum tempo, os sites de rede social Orkut e Facebook como Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) na expansão da minha sala de aula para além do ambiente físico tradicional. Nestes ambientes, incentivei a partilha de recursos relacionadas às temáticas do curso e à discussão de tópicos na língua-alvo, ampliando as possibilidades de colaboração e de interação entre os estudantes, e também as oportunidades de aprendizado (compartilho dois artigos de pesquisa sobre uma dessas experiências na página Publicações).

Enquanto docente em constante formação, utilizo as redes sociais como Ambientes Pessoais de Aprendizagem, ou o que chamamos em inglês de PLE (Personal Learning Environments), ou seja, ambientes organizados, de maneira pessoal e informal, para a aprendizagem, incluindo diferentes ferramentas da Web 2.0, tais como Sites de Redes Sociais, Blogs, entre outros. No livro Entornos Personales de Aprendizaje: claves para el ecosistema educativo en red, Linda Castañeda e Jordi Adell retomam uma definição de 2010 na qual definiam os ambientes pessoais de aprendizagem como

“… el conjunto de herramientas, fuentes de información, conexiones y actividades que cada persona utiliza de forma asidua para aprender” (Adell y Castañeda, 2010, pág. 23)

E adicionam que

Es decir, el PLE de las personas se configura por los procesos, experiencias y estrategias que el aprendiz puede –y debe– poner en marcha para aprender y, en las actuales condiciones sociales y culturales, está determinado por las posibilidades que las tecnologías abren y potencian. Eso implica que hoy algunos de esos procesos, estrategias y experiencias son nuevos, han surgido de la mano de las nuevas tecnologías de la información y la comunicación, pero implica también que es deseable que sean utilizados frecuentemente y que sirvan para enriquecer la manera en la que aprenden las personas tanto de forma individual como con otros.

En el PLE de las personas se integran, además de las experiencias clásicas que configuraban nuestro aprendizaje en la educación formal, las nuevas experiencias a las que nos acercan las herramientas tecnológicas actuales, especialmente las aplicaciones y servicios de la Web 2.0, y los procesos emergentes –individuales y sobre todo colectivos– de dicha ecología del aprendizaje .” (p. 15)

Nesse sentido, venho integrando diversas tecnologias e aplicações da Web 2.0 para me desenvolver continuamente enquanto professora e educadora, tais como Facebook, Pinterest, You Tube, Instagram, entre outras. A partir do uso dessas tecnologias como ambientes de aprendizagem me conecto à outros educadores, professores, pesquisadores, grupos de pesquisa, instituições educacionais, organizações, etc., criando também uma Rede Pessoal de Aprendizagem, ou em inglês, PLN (Personal Learning Network) com as quais compartilho informações, recursos, experiências, etc, e aprendo também. Posso dizer que muito do que aprendi sobre tecnologias em educação, principalmente em relação ao uso de algumas tecnologias digitais específicas, foi a partir do meu Ambiente Pessoal de Aprendizagem e às pessoas que constituem a minha Rede Pessoal de Aprendizagem.

A partir das conexões criadas por meio dessas tecnologias é possível promover a curadoria e o compartilhamento de conteúdos e informações e desenvolver a colaboração e a aprendizagem mútua.

Redes de aprendizagem

Dois exemplos bastante pertinentes sobre a relevância das redes sociais para o desenvolvimento profissional docente em relação à integração das tecnologias digitais à educação neste período de Pandemia da COVID-19, são as Lives, divulgadas prioritariamente nas redes sociais, e a formação de grupos de apoio, ou comunidades de prática online.

Desde o início da pandemia, e a consequente suspensão das aulas presenciais, iniciou-se um movimento de educadores e instituições nas redes sociais promovendo e divulgando diversas lives, webconferências, webinários, seminários virtuais, entre outros, com o intuito de fomentar a discussão sobre possibilidades e desafios para a educação neste contexto. Foram muitos os eventos, em grande parte transmitidos via YouTube, Facebook e/ou Instagran. Assisti vários deles e criei uma playlist no YouTube intitulada Lives Pandemia & Educação com aqueles que mais gostei e que imagino que possam contribuir para meu o desenvolvimento profissional docente e também o de colegas de profissão. Também criei um mural virtual no Padlet com diversos artigos também compartilhados por conexões nas redes sociais, principalmente no Facebook.

Outro exemplo da relevância das redes sociais para o desenvolvimento profissional docente é a utilização da ferramenta de grupos do Facebook para a construção de comunidades de prática e grupos de apoio.

Uma experiência recente em Portugal foi a criação do grupo público E-learning Apoio, criado por um grupo de professores no Facebook no dia seguinte à suspensão das aulas presenciais. O grupo auto-organizado teve como objetivo oferecer apoio aos professores que não tinham experiência com o e-learning ou tecnologias digitais na educação. Seus membros compartilharam diversos recursos, materiais, tutoriais e experiências ao longo do período de fechamento das escolas e instituição do ensino remoto de emergência, construindo, assim, uma verdadeira comunidade de prática e de formação mútua para auxílio e troca de experiências na condução das aulas remotas no país. O grupo, que continua ativo, conta com mais de 30.000 membros, o que constitui cerca de 1/3 dos professores do país, conforme relatado pelo Prof. António Dias Figueiredo no Flash Live Event #somossolução realizado por diversos educadores portugueses.

No Brasil, tivemos uma experiência semelhante, com a criação do grupo, também no Facebook, Docência Onlife – apoio, hoje com 1.000 membros. Segundo a descrição do grupo,

Docência OnLIFE é um grupo público para compartilhamento de práticas de docência, desenvolvidas por professores de diferentes níveis e contextos de educação, a partir do uso/apropriação de tecnologias digitais em rede.Pesquisadores dá área estarão disponíveis para auxiliar. O objetivo é a solidariedade, onde cada um contribui com o que sabe, a fim de constituirmos juntos uma grande comunidade de aprendizagem e de prática que poderá beneficiar a todos.

No grupo são compartilhados artigos científicos, notícias, tutoriais, divulgação de webinários, atividades de formação continuada, vídeos, e-books e uma infinidade de recursos que visam o desenvolvimento profissional docente e a aprendizagem coletiva e colaborativa neste momento tão complicado.

E aí? O que está esperando para criar seu PLN e seu PLE aproveitando as potencialidades das redes sociais para a aprendizagem colaborativa e o desenvolvimento profissional docente?

Redes Sociais como ambientes de aprendizagem

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